Como colocar uma métrica na sustentabilidade

Embora a sustentabilidade faça parte da estratégia de negócio de muitas empresas, não é incomum ver gestores enfrentando problemas em justificar e levantar recursos para projetos e programas sociais e ambientais dentro das organizações. O problema está em realizar o acompanhamento dos projetos, em como mensurá-los e apresentar os resultados. As grandes empresas até possuem seus objetivos ambientais definidos, normalmente baseados em adaptações às mudanças climáticas, redução do consumo de energia e água e diminuição da geração de resíduos.

Mas como demonstrar essa preocupação para os stakeholders?

E pior ainda, como demonstrar que ações têm sido constantemente realizadas para reduzir a sua pegada ambiental?

E a sua eficácia?

B2BMuitas empresas utilizam os Relatórios de Sustentabilidade do GRI, elaboram seus inventários de emissões de gases de efeito estufa com base no GHG Protocol e incluem indicadores ambientais como parte dos seus KPIs (key performance indicators), mas esses indicadores permitem somente um acompanhamento macro da sustentabilidade da empresa, e, mesmo eficientes em uma comunicação B2B e B2C, não abrem muita margem para melhoria nos processos.

Se de um lado temos os gestores com dificuldades em mensurar sua performance ambiental, do outro, a cobrança da sociedade e principalmente por clientes na relação B2B tem aumentado. Nesse post, pegaremos o caso de uma gigante do setor de alimentos, a empresa se deparou diante da necessidade de resposta às exigências de mercados externos, principalmente sobre as constantes notícias da elevada pegada ambiental dos produtos agropecuários brasileiros e do aumento de desmatamento na floresta amazônica e sua associação com a produção animal e de grãos.

O desafio estava em como demonstrar que seus produtos possuíam uma pegada ambiental abaixo dos demais concorrentes, e que as taxas de desmatamento associadas a seus produtos estavam abaixo das reivindicadas por concorrentes externos. KPIs, GRI e GHG Protocol, embora muito importantes para outras finalidades, neste caso não traziam a informação exigida por esses mercados. Era preciso uma métrica mais robusta e transparente para comprovar a competividade ambiental do produto. A avaliação do ciclo de vida (ACV) é a melhor ferramenta ambiental para atingir esse nível de robustez científica e a transparência dos processos da cadeia produtiva. Deste modo, a ACV foi a saída encontrada para não somente demonstrar a pegada ou perfil ambiental do produto, mas também para identificar os pontos críticos e alavancar a sustentabilidade na cadeia de valor.

O ponto de partida teve como objetivos:

  • Avaliar a produção suína desde a produção e uso de fertilizantes químicos para o cultivo dos grãos usados na ração até o abate do animal e preparo para sua distribuição como carne in natura.
  • A comparação de sistemas de tratamento de dejetos atualmente utilizados pelos produtores integrados da empresa. A escolha por tal comparação foi entendida como a mais relevante tendo em vista o impacto visual e de odor que esse resíduo possui frente à sociedade e, que a priori, julgava-se ser a etapa mais relevante.
     

 

PRINCIPAIS INSIGHTS
Os resultados demonstraram que na produção da carne suína, apesar da imagem negativa gerada pelos dejetos e da industrialização, os impactos estão principalmente associados ao cultivo dos grãos, com uma participação pequena dos processos de abate nas emissões e uso de recursos.

A análise de inventário por meio da rastreabilidade dos fornecedores identificou as principais rotas e localidades de transporte dos grãos demonstrando que a cadeia de abastecimento da empresa tinha a maior parte de seus fornecedores localizados fora de áreas consideradas desmatadas. Por meio da simulação de cenários, novas rotas e modais de transporte foram avaliados, e a empresa identificou que com a otimização da logística e eliminação da compra de produtores que não respeitassem a moratória da soja era possível reduzir suas emissões com potencial de causar o efeito estufa quase pela metade.

 

Com relação aos tratamentos dos dejetos utilizados pelos produtores rurais a avaliação do ciclo de vida apontou o uso dos biodigestores como a opção mais viável para reduzir os impactos das mudanças climáticas, tendo um potencial de reduzir em 11% os impactos ambientais nas propriedades com sistemas de aproveitamento energético, justificando a manutenção de programas existentes na empresa de incentivo a substituição das esterqueiras por biodigestores.

No tocante ao posicionamento da empresa frente a concorrentes, as simulações realizadas e a comparação com relatórios e trabalhos publicados comprovaram o desempenho ambiental favorável em relação à produção suína em vários países.

VALOR GERADO PARA A INDÚSTRIA
A avaliação do ciclo de vida atendeu as exigências externas de quantificação dos impactos da cadeia de valor, e, permitiu comprovar que ações como o incentivo ao uso dos biodigestores alavancam a sustentabilidade da suinocultura. O que antes era apenas um consenso com base em estimativas foi mensurado e comparado.

Enquanto a rastreabilidade dos fornecedores da empresa forneceu informações sobre a porcentagem de grãos de produtores em regiões com risco ambiental. A partir deste diagnóstico, modais de transporte e alternativas menos impactantes, como o uso de transporte ferroviário, foram discutidos e a redução dos impactos gerados por estas ações foram quantificadas. Consequentemente, aumentou-se o poder de persuasão da empresa para o aumento do investimento na ampliação da malha ferroviária junto a governantes e demais stakeholders.

Com problemas para encontrar a métrica ambiental que melhor se enquadra as suas necessidades, converse com um de nossos consultores.

Veja mais detalhes sobre a ACV deste case aqui.

Até a próxima!