Plástico é realmente ruim?

Quer saber mais sobre sustentabilidade? Assista ao TED Talk abaixo, chamado “Plastic rehab” que fala sobre uma preocupação atual que está em nossas mídias e também na fala de parte de nossos governantes.

Nessa palestra Kim Ragaert, pesquisadora em ciência dos materiais e processamento de polímeros, traz uma perspectiva muito mais ampla sobre sustentabilidade. Dentre vários assuntos muito bem discorridos, o vídeo fala sobre como é importante que todos entendam que o plástico, assim como metais e vidros, é um recurso. E como recurso, ele deve ser usado e reciclado. Deste modo, se queremos falar de sustentabilidade é preciso adaptar o mindset no desenvolvimento de produto para os moldes da economia circular. E o nosso mindset como consumidores também. Essa deve ser a linha de pensamento, ou seja, focar na redução e reintrodução dos recursos na economia ou invés de baní-los! O polímero, assim como outros materiais, possui um papel importante na nossa sociedade. Não somente como impulsionador da economia, mas também quando falamos em reduzir a nossa pegada ambiental.

Em nossas redes sociais já compartilhamos postagens sobre como o uso de embalagem permite que um produto perecível aumente o seu ciclo de vida. Você sabia que do ponto de vista de emissões de carbono, a embalagem é responsável por menos de 10% das emissões produzidas no ciclo de vida de um pepino? E que com a embalagem esse produto aumenta a sua vida útil em 11 dias? Se a maior parte do impacto está na produção do alimento, será que a diminuição de sua validade não teria um efeito pior para o meio ambiente? Você já parou para pensar no que o descarte de canudos se diferencia das tampas de aço? Ambas são pequenas e acabam se perdendo na natureza.

É preciso olhar para a sustentabilidade de um modo mais amplo, conectado e embasado. Evitar que crenças e questões populares sejam o pendor da balança. Tentar entender que um direcionamento pontual e errado pode afetar o ciclo de vida como um todo e ter efeitos piores para o meio ambiente. Quando falamos em sustentabilidade, é preciso entender a complexidade do tema. Por exemplo, outro aspecto essencial para a correta decisão em prol de ações menos impactantes está relacionado ao “multidimensionalíssimo” da própria sustentabilidade ambiental. Não são somente as emissões de carbono que causam impacto ao meio ambiente, e não somente os resíduos que degradam a biodiversidade marinha ou terrestre. Quer um exemplo? Recentemente, o World Economic Forum postou uma notícia sobre a pesca predatória como principal ameaça aos oceanos.

Com este conceito em mente, importantes atores da sociedade podem estruturar uma real estratégia de sustentabilidade, com base em informações científicas e confiáveis. Já existem iniciativas nesse sentido, como por exemplo, a Science-based target initiative para uma economia de baixo carbono.

Ou seja, para falar de sustentabilidade ambiental, é preciso lançar um olhar amplo sobre a cadeia de valor, saber o quanto uma ação que inicialmente reduz o impacto em mudanças climáticas e/ou no uso de um determinado produto, representa em termos de aumento dos impactos em outros temas importantes, como destruição da camada de ozônio. É preciso saber que não é tomando uma ação pautada no banimento de um material na fabricação de um produto, sem analisar e refletir sobre como essa decisão afetará seu desempenho na fase de uso ou a reciclabilidade deste produto no fim de vida, que reduziremos a nossa pegada ambiental.

Para reduzir a nossa pegada, de fato, é preciso evitar a transferência de impacto de uma etapa do ciclo de vida para outra, ou na transferência de impactos, como por exemplo, na redução dos impactos de acidificação e consequente aumento expressivo no uso de terra (chamados trade-offs).

Na EnCiclo, nós procuramos auxiliar as empresas não para que usem um material em detrimento do outro. Ou para falar que determinado material deva ser frequentemente utilizado. Mas para que definam metas de redução de impacto com base em evidências científicas e para que atuem em toda a cadeia de valor, sabendo quais ações representam o maior impacto positivo na redução da pegada ambiental da organização e quais materiais são mais indicados para aquela situação em específico.

Quer saber mais sobre a Kim Ragaert?